sexta-feira, 21 de maio de 2010

A grande Procura


Eu olhava a chuva cair pela janela do meu quarto. Minha cama dava de frente pra ela e mesmo com esse barulhinho gostoso o sono não vinha. Já era tarde, bem tarde. Virei para o outro lado, tentando encontrar uma posição mais confortável. Não achei. ‘Nossa, eu tenho que dormir, amanhã tem aula cedo’ pensei comigo. Fechei os olhos, tentei pensar em alguma coisa linda e me veio na cabeça o meu professor de história, Enzo. Isso funcionou porque logo o celular despertou. Estiquei a mão na cabeceira da cama, com a cara ainda coberta e desliguei o despertador. Voltei a dormir.
Alguém puxou o meu cobertor, alguém abriu a cortina, esse mesmo alguém disse ‘Anda Lisy, levanta’, abri o olho e vi meu pai saindo pela porta. Lá estava eu, destapada, descabelada, de barriga pra baixo na cama e atrasada pra aula. Rolei pro lado direito e peguei o celular na mão, vi a hora. ‘Droga’. Levantei correndo e fui ao banheiro, lavei meu rosto e escovei os dentes, ainda dormindo. Voltei para o quarto, abri o guarda-roupa. ‘E agora? Que roupa eu vou?’. Fiquei com uma mão apoiada na porta e a outra na cintura. Meu pai passou pela porta, voltou de costas e parou ‘Tens tempo pra isso mesmo. Eu to saindo daqui 5 minutos’. Olhei pra trás pela janela, não estava chovendo, mas o tempo tava feio. Peguei uma calça jeans e uma blusa preta. Vesti. Sentei na cama e coloquei uma bota preta por cima da calça. Procurei a mochila no armário, coloquei em cima da cama. Ouvi o pai ligando o carro, peguei a mochila, o casaco preto que tava na cadeira e desci correndo as escadas.
Sai do carro e logo vi as meninas sentadas no banco. ‘Tchau pai, eu volto de carona. ’, fechei a porta e fui correndo devagar ao encontro delas. Meu pai buzinou, virei pra trás para olhar e quando virei de volta eu esbarrei em alguém. Livros caídos no chão, papéis voando. ‘Ai meu Deus, desculpa’ e me abaixei pra ajudar a pegar as coisas. ‘Pra que tanta pressa, menina?’ , a voz vinha de trás e eu sabia quem era. Olhei pra ele, ‘Oi professor’. Eu tenho certeza que eu fiquei vermelha. Absoluta. Voltei a olhar pra frente juntando os livros do menino, e o vi passar por mim. ‘Desculpa’ repeti novamente enquanto entregava os livros. Fui à direção delas. ‘Não corre’ alguma delas gritou enquanto eu olhava para o portão da escola, ele estava lá, parado e parecia me olhar.

4 comentários: